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segunda-feira, julho 26, 2010

Revista Cult » Movimentos sociais na Era Lula

Movimentos sociais na Era Lula

Hegemonia às avessas, pequena política ou revolução passiva à brasileira?
Publicado em 08 de julho de 2010

Lula é carregado por trabalhadores durante assembleia realizada em São Bernardo do Campo, 1979
Ruy Braga
Quando da vitória petista sobre Alckmin, o sociólogo Francisco de Oliveira alertou para os efeitos politicamente regressivos da hegemonia “lulista”: ao absorver “transformisticamente” as forças sociais antagônicas no aparato de Estado, desmobilizando as classes subalternas e os movimentos sociais, o governo Lula teria esvaziado todo o conteúdo crítico presente na longa “era da invenção” dos anos 1970-1980, tornando a política partidária praticamente irrelevante para a transformação social (revista Piauí, jan. 2007). “Transformismo” foi o nome dado pelo pensador Antonio Gramsci (1891-1937) ao processo de absorção, pela classe dominante, de elementos ativos ou grupos inteiros, vindos tanto da base aliada como da adversária.
A medida da desmobilização praticada por Lula poderia ser apreendida pelo escasso interesse depositado pelos eleitores no pleito presidencial de 2006. O efeito social regressivo consistiria exatamente nisto: sob Lula, a política afastou-se dos embates hegemônicos travados pelas classes sociais antagônicas, refugiando-se na sonolenta e desinteressante rotina dos gabinetes, ainda que frequentados habitualmente por escândalos de corrupção.
A partir daí, Francisco de Oliveira adiantou sua conjectura: no momento em que a “direção intelectual e moral” da sociedade brasileira parecia deslocar-se rumo às classes subalternas, tendo no comando do aparato de Estado a burocracia sindical oriunda do “novo sindicalismo”, a ordem burguesa mostrava-se mais robusta do que nunca. A esse curioso fenômeno em que parte “dos de baixo” dirige o Estado por intermédio do programa “dos de cima”, Oliveira chamou “hegemonia às avessas”: vitórias políticas, intelectuais e morais “dos de baixo” fortalecem “dialeticamente” as relações sociais de exploração em benefício “dos de cima”.
No Brasil, décadas de luta contra a desigualdade e por uma sociedade alternativa à capitalista desaguaram na incontestável vitória lulista de 2002. Quase imediatamente o governo Lula racionalizou, unificou e ampliou o programa de distribuição de renda conhecido como Bolsa Família, transformando a luta social contra a miséria e a desigualdade em um problema de gestão das políticas públicas. Oliveira dirá que Lula instrumentalizou a pobreza ao transformá-la em uma questão administrativa. O programa Bolsa Família garantiu a maciça adesão dos setores mais depauperados das classes subalternas brasileiras ao projeto do governo.

sexta-feira, março 05, 2010

Dominação masculina revisitada por Bourdieu e Crítica ao texto feita por Mariza Corrêa

Bourdieu
Inicia procurando mostrar que “as mulheres, que foram constituídas como seres dotadas de gênero pelo mundo social, podem contribuir para sua própria dominação” (14).
Questões metodológicas...
Ele afirma que descrever as estruturas objetivas do universo social dos cabilas é ao mesmo tempo descrever as estruturas mentais do observador (homem da tradição cultural neomediterrânea).
Ao estudar mais de perto as práticas rituais e míticas dos cabilas, pode-se descobrir um “sistema de princípios de visão e divisão comum à civilização mediterrânea inteira, sistema que sobrevive até hoje em nossas estruturas mentais” (15).
Desse modo, ele procura explicar como as disposições “falonarcísicas”, claramente verificáveis no caso cabila, haviam sido inscritas nos “corpos dos homens e das mulheres das sociedades ocidentais contemporâneas”.
Sua posição de observador é a de alguém que está montando um quebra-cabeças, usando pistas deixadas pelas pessoas que o construíram. Ele se diz informado pela visão cabila (16).

O mal–estar na civilização

FREUD, Sigmund. O mal-estar da civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1997

Neste texto Freud começa por tratar de uma questão posta por um amigo que é a do “sentimento oceânico”, uma sensação de eternidade, de algo ilimitado e sem fronteiras. Ele passa a discutir a validade do sentimento religioso (p. 131).
“Não é fácil lidar cientificamente com sentimentos” (p. 132).
Freud diz que com esse sentimento denominado “oceânico” se quer falar sobre o sentimento de um vínculo indissolúvel, de unidade com o mundo externo, mas não acha que se trate de um sentimento de natureza primária, um sentimento imediato.
Existe uma coisa de que podemos estar certos, segundo Freud, é o de nosso eu, nosso ego (p.132). Exteriormente, o ego parece ser claramente delimitado, mas no enamoramento e em alguns estados patológicos a fronteira entre o ego e o mundo externo se torna incerta. Desse modo, o sentimento de nosso próprio ego pode sofrer distúrbios e suas fronteiras não são permanentes.