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quinta-feira, março 04, 2010

Mito na mídia

CONTRERA, Malena Segura. O mito na mídia: a presença de conteúdos arcaicos nos meios de comunicação. São Paulo: Annablume, 2000. (Selo Universidade : 45). 113p.

Esse livro, apesar de usar um corpo teórico que me é estranho e muitas vezes para mim advinhatório – como sempre me parecem os discípulos de Edgar Morin –, possui algumas afirmações interessantes sobre a mídia, e são essas que procurarei expor aqui.
Ela destaca a dimensão ritual que a leitura matinal do jornal possui. Afirma também que sendo a mídia uma “estrutura simbólica de poder”, ela nos seduz, mas mais que isso, somos capturados pelos “conteúdos míticos” da comunicação jornalística (53).
Esse caráter mítico se mostra também no ritmo diferenciado que o jornal imprime à realidade da própria informação, quando lança os jornais do domingo no sábado, por exemplo. Além, disso inverte sua própria função primária, a de informar opinativamente os fatos, mas também atualmente tem como conteúdo seus próprios comportamentos (53). E isso se evidencia muito mais nos jornais de sensação que tanto são notícia em suas próprias páginas, mas também nas páginas de jornais concorrentes, principalmente no que se refere aos limites do comportamento ético dos jornalistas e da apresentação de notícias.

Chama a atenção para o fato de que a ocorrência não noticiada é praticamente inexistente (54).
Nessa era da mídia (como a atual), enquanto a sociedade se torna mais complexa, mais complexos se tornam seus meios de comunicação, que equivale ao tamanho de nosso pânico. Ou seja, da sensação de catástrofe iminente que estabelece uma fronteira para a vida (55).
“Esse pânico se faz representar, na mídia, inclusive por meio dos temas pelos quais ela tem predileção, tão fortemente relacionados aos fatos geradores desse pânico: a consciência de fim, de limite imposto, de uma morte que não é possível aceitar e exige um constante e doloroso exercício de renascer. É esse exercício que o jornal se propõe a realizar [...].” (56).
O pânico também se mostra na fragmentação, quantidade e diversidade de temas propostos, mais ou menos nivelados em importância, já que todos se fazem presentes na primeira página do jornal. Essa organização da primeira página na forma de “tudo ao mesmo tempo agora” é própria de um momento de pânico e uma tímida tentativa de organização é proposta no índice das seções do jornal (60).

O restante do livro é uma grande viagem, como quase tudo que vem dos discípulos de Morin.

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