RICOEUR, Paul. Interpretação e Ideologias. 4. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.
Ricoeur parte de uma análise rigorosa da vontade humana, procurando atingir uma teoria da interpretação do ser.
Método reflexivo que rompe com o idealismo. Procura esclarecer a existência mediante conceitos – elucidar seu sentido (hermenêutica).
FENOMENOLOGIA – compreender o que descreve para elucidar o sentido [1].
Para atingir o essencial da questão da vontade, Ricoeur coloca entre parênteses os temas religiosos da falta de da transcendência.
Suspende o juízo do pecado original para se permitir o estudo sem preconceitos da falibilidade empírica da vontade humana.
A vontade precisa ser estudada em si mesma e seus componentes essenciais são o projeto, a execução e o consentimento. Faz uma correlação entre o voluntário e o involuntário, pois querer é justamente projetar um mundo, apesar ou contra os obstáculos. É também projetar uma intenção que através do consentimento, converte-se em necessidade sofrida e retomada pelo consentimento.
Em Finitude e Culpabilidade ele não discute mais o problema da realidade do mal, mas o problema de sua possibilidade (falibilidade). A finitude não basta para explicar o mal, mas procura saber que finitude possibilita a inserção do mal na realidade humana. O pathos da miséria é o ponto de partida de uma Filosofia do homem. O homem possui uma intermediaridade, ou seja, opera mediações entre contrários ou correlativos. A fonte da falibilidade consiste em certa “não-coincidência do homem consigo mesmo” – comporta, portanto, uma negatividade.
A filosofia seria então refletir sobre esse caráter patético da miséria, que se revela nos níveis do conhecer, do agir e do sentir [2].