"Ex libris" significa "dos livros de", é também uma vinheta que se cola nos livros com o nome do proprietário. O BITS, Grupo de Pesquisa Informação, Cultura e Práticas Sociais, é a vinheta sob a qual discutimos interesses diversos ligados às Ciências Humanas e realizamos nossas leituras sobre o mundo atual. Reforçamos aqui este caráter de buscador de conhecimentos, de reflexões sobre o mundo e a vida nessa sociedade digital.

sexta-feira, julho 23, 2010

Leitura Metodológica

Uma leitura metodológica ou crítica é uma apreensão do método utilizado por cada autor para a elaboração de um trabalho.

Para isso devemos levar em conta:

1. Informações sobre o autor do texto e sua linha teórica. Situar o autor dentro do referencial teórico da antropologia, da sociologia ou da ciência política e, se for o caso, se um texto é jornalístico, com entrevistas ou um diário de campo, de uma viagem etc.

2. Explicitação da estrutura dos capítulos do livro ou do texto. No caso de um texto, há uma introdução, as argumentações do desenvolvimento e uma conclusão final. É essa estrutura que deve ser explicitada e mostrada.

3. Explicitação também dos objetivos da pesquisa. Qual a pergunta que o autor queria responder (o problema) com a investigação? Ele chega a alguma conclusão, a uma resposta?

4. O autor se utiliza de que conceitos e noções? Separar, nos textos, quais são as principais noções e conceitos utilizados pelos autores. Conceitos são mecanismos mentais que permitem conhecer tanto a natureza externa e também a realidade social. Eles são utilizados como ferramentas mentais que tornam possível o conhecimento por parte do intelecto, bem como a operacionalização da ciência (Tirei isso daqui Mundo dos Filósofos).

Por exemplo, quando Durkheim definiu o que era fato social, a primeira coisa que disse é que eles deveriam ser rigorosamente descritos, para deixar claro do que se está falando, daí o seu estudo sobre o suicídio, definindo-o, classificando-o etc. São passíveis de serem conceituados também, crime, máfia, exército, bruxaria, a amante, magia etc. Todos os textos vão trabalhar com um fenômeno social através de uma abordagem singular. É isso que deve ser percebido e demonstrado na apresentação.

5. Observação de como o autor afirmou ter realizado a coleta de dados, como ele chegou junto ao seu objeto e informantes de campo e como ele trabalhou para conseguir os dados. Que tipo de dados conseguiu em cada um dos trabalhos? Eram de natureza quantitativa ou qualitativa? Conseguiu através de que instrumento: história de vida, observação participante, entrevistas informais, entrevistas estruturadas, documentação em algum órgão público ou entidade etc.

Todas essas considerações devem ser levadas em conta em uma leitura metodológica, para nosso amadurecimento como pesquisadores e também para aprender com a experiência dos outros.

segunda-feira, março 29, 2010

Injustiça: as bases sociais da obediência e da revolta.

MOORE, JR. Barrington. Injustiça: as bases sociais da obediência e da revolta. São Paulo: Brasiliense, 1987.

1.     Elementos recorrentes em códigos morais

“As normas sociais e sua violação são componentes cruciais na ira moral e no sentido de injustiça. [¼] Um indivíduo pode estar irado porque sente que a norma vigente é ela própria errada, e que é preciso implantar outra. [¼] Na vida real tais situações assumem, com freqüência, a forma de desacordos sobre o que a norma é realmente. [¼] Sem normas a governar a conduta social não haveria um fato como a indignação moral ou um sentido de injustiça. Da mesma maneira, a consciência da injustiça social seria impossível se os seres humanos pudessem ser convencidos a aceitar toda e qualquer norma[fim da pág. 21].
Não se pode observar algo como a natureza humana pura ou inata, ou biologicamente determinada, não contaminada por influências sociais, ou que qualquer um desses comportamentos fosse relevante para compreender sentimentos de injustiça social ou indignação moral [fim da pág. 22].

segunda-feira, março 08, 2010

Em comemoração ao 8 de março

Livros sobre a história da mulher. Clique no nome do post e vá direto para  a página.

Mídia e política no Brasil

ABREU, Alzira A. de Abreu; LATTMAN-WELTMAN, Fernando e KORNIS, Mônica A. Mídia e política no Brasil. Jornalismo e ficção. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. 184p.

Jornalistas e jornalismo econômico na transição democrática

A autora trata a mídia como um ator privilegiado do sistema político, destacando que essa visão ainda é rara nas ciências sociais. “Embora a participação da mídia em todos os acontecimentos políticos, econômicos, sociais e culturais seja incontestável, parece evidente a dificuldade de integrá-la nas análises do sistema de poder e nos estudos de práticas profissionais” (p.13). Afirma que, uma vez que as ciências sociais foram constituídas principalmente no século XIX, a base de suas teorias para explicação da sociedade privilegia parcamente os meios de comunicação.
Weber afirma a necessidade de uma sociologia da imprensa, na qual haja um interesse sobre todo o processo do fazer notícia. “É preciso se perguntar sobre a origem e a formação do jornalista moderno, e o que se espera dele” (p.14). Já afirmava sobre o papel relativo do jornalista de acordo com o partido ou a natureza do jornal, ou seja, questionava a noção de neutralidade e imparcialidade sobre a qual uma parte considerável da imprensa tenta construir sua imagem.
Objeto da pesquisa de Abreu é “analisar o perfil e a trajetória de vida dos jornalistas brasileiros em atividade nos jornais do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasíliam e entender a transição política brasileira a partir do papel desempenhado pela imprensa escrita nesse processo”. Abreu reconheceu no jornalismo econômico o vetor das mudanças que ocorreram na imprensa no regime militar e que, posteriormente, transformaram o perfil dos jornalistas e sua forma de construir a informação (p.14). Este perfil foi conformado pelas transformações do Brasil nos últimos 30 anos do século XX e que começou sua carreira em plena ditadura militar, quando não havia liberdade de expressão e a imprensa estava sob os olhos da censura dos órgãos de segurança.

Weber e a Teodicéia

WEBER, Max. Economia e sociedade. Fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília (DF), Editora Universidade de Brasília, 1991. Vol.1, pp.279-418.

SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

8. O problema da teodicéia (pp.350-355)

“Mas quanto mais próxima a concepção de um deus único, universal e supramundano, tanto mais facilmente surge o problema de como o poder aumentado ao infinito de semelhante deus pode ser compatível com o fato da imperfeição do mundo que ele criou e governa” (351).
Segundo Weber, a questão de uma ordem impessoal e supradivina, possuidora de sentido, esbarra com a injustiça e a imperfeição da ordem social. O problema da teodicéia está intimamente relacionado com a formação da concepção de deus e com as idéias de pecado e salvação.